Criptomoeda é vista como alternativa ao dólar em meio à instabilidade econômica global.
O Bitcoin, maior criptomoeda do mercado, pode estar prestes a viver um novo rali histórico. Especialistas apontam que a crescente dívida pública dos Estados Unidos, atualmente estimada em US$ 35 trilhões (R$ 192 trilhões), e a fragilidade do dólar podem gerar um cenário favorável para a valorização do ativo digital.
Nas últimas semanas, o Bitcoin recuperou parte de suas perdas após atingir a máxima de US$ 70 mil (R$ 385 mil) em março e recuar para US$ 60 mil (R$ 330 mil). Para Zach Pandl, diretor da gestora Grayscale, a criptomoeda tem potencial para um crescimento explosivo caso o dólar continue em queda. “Se o Bitcoin chegou a valer US$ 1 trilhão com o dólar forte, imagine o que pode acontecer em um período de desvalorização sustentada”, afirmou.
Dívida trilionária e incertezas políticas
O cenário econômico dos Estados Unidos é marcado por um alerta sobre o crescimento descontrolado da dívida pública e pela possibilidade de cortes na taxa de juros do Federal Reserve (Fed). Esses fatores têm gerado desvalorização do dólar e impulsionado a busca por ativos alternativos, como o Bitcoin e o ouro.
Os investidores também acompanham os desdobramentos do simpósio econômico de Jackson Hole, onde o presidente do Fed, Jerome Powell, deve apresentar um discurso crucial. Segundo especialistas, a expectativa de cortes nos juros reforça a tendência de queda do dólar. Athanasios Vamvakidis, estrategista do Bank of America, afirma que o dólar “ainda está supervalorizado” e pode sofrer um recuo ainda maior.
Bitcoin x Ouro: a disputa continua
Enquanto o Bitcoin busca consolidar seu status como reserva de valor, o ouro continua a atrair investidores em momentos de incerteza. Esta semana, o metal precioso atingiu uma nova máxima histórica, reflexo dos temores crescentes de instabilidade econômica e política.
Para Matthew Sigel, chefe de pesquisa de cripto da VanEck, o Bitcoin pode ser o grande beneficiado desse cenário. “Independentemente de quem vencer as próximas eleições nos EUA, a política fiscal imprudente deve continuar, favorecendo o Bitcoin como ativo de proteção”, declarou.
Instituições e ETFs impulsionam o mercado
Outro fator que pode sustentar o preço do Bitcoin é o crescente interesse de investidores institucionais. No segundo trimestre de 2024, essas instituições “compraram na baixa”, um movimento visto como um sinal de confiança no mercado. Além disso, a chegada de ETFs de Bitcoin à vista em Wall Street trouxe mais credibilidade ao ativo, indicando um horizonte promissor até 2025.
Enquanto isso, analistas acreditam que a volatilidade ainda é uma barreira para que o Bitcoin alcance o mesmo patamar de estabilidade do ouro. “Embora o Bitcoin seja um ativo atrativo, muitos investidores ainda preferem o ouro durante períodos de incerteza”, observou Adam Morgan McCarthy, da Kaiko.
Com a dívida pública atingindo níveis alarmantes e o dólar em queda, o Bitcoin pode estar diante de uma oportunidade única para se consolidar como o “ouro digital” do século XXI. A corrida por ativos de proteção está apenas começando, e o mercado aguarda para ver até onde o Bitcoin pode chegar.