Com um elenco de peso e novos elementos, filme equilibra momentos de frescor e nostalgia.
Após 24 anos, “O Auto da Compadecida 2” chega aos cinemas como uma continuação de um dos maiores clássicos do cinema brasileiro. Dirigido por Guel Arraes e Flávia Saraiva, o longa traz Matheus Nachtergaele e Selton Mello de volta aos papéis icônicos de João Grilo e Chicó, além de contar com um elenco reforçado por Taís Araújo, Eduardo Sterblitch e Luis Miranda. Apesar de inovar em diversos aspectos, o filme também enfrenta alguns desafios em manter o brilho do original. Confira os pontos altos e baixos desta aguardada sequência.
O que funcionou?
1. Elenco de peso e atuações marcantes
Luis Miranda é um dos destaques como o malandro Antonio do Amor, entregando humor e carisma em cada cena. Já Taís Araújo reinventa a figura de Nossa Senhora, trazendo uma abordagem mais parceira e bem-humorada que contrasta com a versão maternal de Fernanda Montenegro no original. Além disso, Matheus Nachtergaele surpreende ao interpretar não apenas João Grilo, mas também Jesus Cristo e o Diabo, numa performance que presta homenagem aos personagens originais e enriquece a narrativa.
2. Frescor dos novos personagens
A inclusão de figuras como Clarabela (Fabiúla Nascimento) e o Coronel Ernani (Humberto Martins) adiciona camadas interessantes à história. As dinâmicas entre os novos e antigos personagens revitalizam a trama, sem desrespeitar o legado do original.
3. Crítica social e política
Assim como no primeiro filme, a continuação mantém a crítica social viva, agora focada na disputa política entre o fazendeiro Coronel Ernani e o radialista Arlindo. A narrativa reflete sobre as manipulações de poder e como elas afetam o povo, usando humor para abordar temas sérios.
4. Resgate da fé como tema central
A sequência preserva a mensagem espiritual e cultural do primeiro filme, destacando a importância da fé como um elemento transformador na vida do povo nordestino.
O que não funcionou?
1. Comparações inevitáveis
Mesmo com boas atuações, a sombra do original paira sobre o filme. O tom mais moderno pode desagradar quem esperava uma reprodução fiel da atmosfera do primeiro longa.
2. Algumas tramas excessivamente exploradas
Os novos arcos narrativos, como o triângulo amoroso e a disputa política, acabam desviando o foco em alguns momentos, deixando a história principal menos impactante do que poderia ser.
3. Ritmo irregular
Em certas cenas, o ritmo se arrasta, o que pode testar a paciência de espectadores acostumados à agilidade do primeiro filme.
“O Auto da Compadecida 2” cumpre a difícil missão de revisitar um clássico ao mesmo tempo em que busca inovar. Com momentos brilhantes, atuações memoráveis e uma mensagem atemporal, o filme entretém, mas enfrenta o peso das expectativas. Para quem amou o original, a sequência é uma oportunidade de reencontrar João Grilo, Chicó e Taperoá com uma nova roupagem, cheia de humor e crítica social.