Muro na praia, derramamento de óleo, incêndio, desmatamento e algas tóxicas: Maracaípe tem sofrido impactos ambientais nos últimos anos

Muro na praia, derramamento de óleo, incêndio, desmatamento e algas tóxicas: Maracaípe tem sofrido impactos ambientais nos últimos anos
Um dos principais destinos turísticos do Litoral Sul de Pernambuco, praia tem estuário de rio e área de mangue e serve de proteção natural e nascedouro de cavalos-marinhos.

Imagem aérea do Pontal de Maracaípe, em Ipojuca-PE, que mostra o muro de coqueiros instalado no local — Foto: Reprodução/Relatório Ibama 

Um dos principais destinos turísticos do Litoral Sul de Pernambuco, a praia de Maracaípe, em Ipojuca, no Grande Recife, tem sofrido com os impactos ambientais causados pela colocação de um muro que cerca uma propriedade privada à beira-mar. 

Além de dificultar o livre acesso à área, a estrutura tem provocado erosão costeira, geração de lixo plástico e supressão de vegetação, segundo relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Esta não é a primeira vez que o pontal, que serve de proteção natural e nascedouro de cavalos-marinhos, é ameaçado por ações humanas que causam danos à natureza.

  1. Derramamento de óleo
  2. Incêndio em coqueiral
  3. Desmatamento para construção de quadra
  4. Maré Vermelha

Praia de Maracaípe é polo de surfe e nascedouro de cavalos-marinhosSaiba mais

Em 2019, mais de mil pontos do litoral do Nordeste foram atingidos por manchas de petróleo cru que vinham do mar. Maracaípe foi uma das praias pernambucanas afetadas. 

Composto por substâncias tóxicas para a saúde humana, o óleo atingiu áreas de conservação e causou mortes de animais, como aves, peixes e tartarugas-marinhas, gerando impactos para o meio ambiente e as comunidades locais. 

Em 2021, dois anos depois do aparecimento das manchas, a Polícia Federal concluiu que o derramamento foi provocado por um navio petroleiro grego. A empresa responsável pela embarcação, os proprietários da companhia, o comandante e o chefe de máquinas foram indiciados pelos crimes de poluição, descumprimento de obrigação ambiental e dano a unidades de conservação. 

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O pontal é uma área em que o mar se encontra com o estuário do Rio Maracaípe. A região está numa região com duas unidades de conservação estaduais: a Área de Proteção Ambiental (APA) Estuarina dos Rios Sirinhaém e Maracaípe e a APA Marinha Recifes Serrambi. 

Incêndio atinge coqueiral de Maracaípe, no Litoral Sul de Pernambuco 

Um mês depois das manchas de petróleo bruto, o balneário foi atingido por um incêndio, no dia 22 de novembro de 2019. As chamas, que foram registradas por integrantes de ONGs de proteção ambiental, atingiram o coqueiral da praia. Ninguém ficou ferido. 

O fogo começou no fim da tarde e só foi controlado pelo Corpo de Bombeiros à noite. Segundo a prefeitura de Ipojuca, havia a suspeita de que o incêndio fosse criminoso. 

Desmatamento para construção de quadra

Em julho de 2020, a ONG Salve Maracaípe fez um protesto contra a retirada de vegetação de restinga num trecho entre o coqueiral e a praia. Segundo a organização, a ação foi realizada pela prefeitura de Ipojuca, que tinha dado início à construção de uma quadra esportiva numa região de desova de tartarugas. 

A manifestação, realizada durante a pandemia de Covid-19, contou com a participação de ambientalistas e jangadeiros. Com folhas secas de coqueiro, eles desenharam um “S.O.S” na areia, como forma de pedir ajuda às autoridades. 

Após o protesto, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) disse que o projeto constituía a prática de crime ambiental e embargou a obra, aplicando uma multa de R$ 5 mil e determinando que a gestão municipal apresentasse um plano de recuperação da área. A prefeitura mudou o local da construção. 

Em janeiro deste ano, três pessoas foram hospitalizadas após serem intoxicadas por algas na praia de Maracaípe. O problema, segundo a prefeitura de Ipojuca, foi causado pelo fenômeno conhecido como “Maré Vermelha”, que também foi registrado no local em 2019. 

De acordo com o professor Múcio Banja, pesquisador da Universidade de Pernambuco (UPE), esse fenômeno acontece quando há um excesso de nutrientes na água do mar. Micro-organismos utilizam esses nutrientes como alimento, crescem, dominam o ambiente e liberam substâncias tóxicas. 

Segundo o especialista, um dos fatores que contribuem para o surgimento da “maré vermelha” é o despejo de matéria orgânica, seja natural, pelos rios, seja por poluição, como esgoto. 

Justiça proíbe governo de PE de derrubar muro que dificulta acesso à praia no Pontal de Maracaípe

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Redação Fatuz